A palavra e o canto
Textos, poemas e músicas do autor
sábado, abril 22, 2023
segunda-feira, abril 17, 2023
sexta-feira, fevereiro 10, 2023
TEIAS
segunda-feira, fevereiro 14, 2022
DIA DE NAMORADOS
Eu ando sempre em cuidados
P'ra agradar ao meu amor
No dia dos namorados
Dei-lhe um beijo e um regador.
Procuro viver a vida
Pacata e tranquilamente,
O que é ideia excelente,
Que não deve ser esquecida,
Se a queremos comprida.
Mas, para mal dos meus pecados,
Aos dias mui bem passados
Segue-se forte aflição.
Por uma ou outra razão,
Eu ando sempre em cuidados.
Em tempos não era assim:
Se um casal se adorava
Bastava. Não celebrava,
Neste grande frenesim,
O bento São Valentim.
Hoje, temendo o pior,
Rezei a Nosso Senhor
Que me quisesse valer.
- Meu Deus que hei de oferecer
P'ra agradar ao meu amor?
Quem não mergulha em dinheiro
Rosas oferece, encarnadas,
Colhidas pelas estradas,
Com olho e ar prazenteiro,
Naquele e noutro canteiro,
Nos velhos hipermercados,
E assim ficam descansados.
Os mais ricos, um tesouro,
Cobrem a esposa de ouro
No dia dos namorados.
Porém há mais a brilhar
Que ouro resplandecente.
Lembrei-me. Recentemente,
À escola fui plantar,
Com alunos seus a ajudar,
Ervas de cheiro, ao dispor,
Em canteiros, de primor.
Sabendo do seu agrado
E por ser apropriado
Dei-lhe um beijo e um regador.
Aníbal Raposo
Relva, 2022-02-14
segunda-feira, janeiro 31, 2022
quarta-feira, janeiro 26, 2022
DA IMPERFEIÇÃO
quarta-feira, janeiro 12, 2022
quinta-feira, janeiro 06, 2022
PASSAGEM DE ANO
terça-feira, agosto 10, 2021
quarta-feira, junho 23, 2021
quinta-feira, maio 20, 2021
LENDA DAS SETE CIDADES
Na Atlântida perdida
Que pl’o mar foi engolida
Em grandes calamidades
Conta a lenda que existiu
Um reino que se extinguiu
Chamado Sete Cidades.
Tinha o rei, a senhoria,
Deste reino, que regia,
Uma filha muito amada
(O tesouro da família)
Dava pl’o nome de Antília
Linda como a madrugada.
Era a filha o seu desvelo
Porém sair do castelo
O rei não lhe permitia.
Mas ela não acatava
As ordens e se esgueirava
Quando ele a sesta dormia.
Ia a bela princesinha
Ao início da tardinha
Para os campos passear
Quando um dia caminhava
Ouviu uma flauta. Tocava
Melodias de encantar.
Quem estava a flautear
Melodias de pasmar,
Era um bonito pastor,
Que por fim a descobriu
E entre os dois logo floriu
Um grande e profundo amor.
Lá vai o pastor formoso
Pedir ao rei poderoso
P’ra princesa desposar
El-rei, esse, não gostou
E ali mesmo jurou
Que o mandaria matar.
Vendo a princesa a maldade,
Que seu pai, sem piedade,
Proibia seu grande amor
Com as esperanças perdidas
Foi um dia às escondidas
Procurar o seu pastor.
Quando sozinhos se acharam
Os dois muito prantearam
Não paravam de chorar.
Grande lamento era o seu
Ele de olhos cor do céu
Ela, verdes de encantar.
E entre escarpas formosas
Suas lágrimas copiosas
Duas lagoas formaram.
Uma do céu tomou cor
Outra verde e por amor
P’ra sempre unidas ficaram.
Se às cumeeiras passares
E os lagos não avistares
Só vires brumas que choram.
São cortinas. Na verdade,
Servem p’ra pôr à vontade
Dois amantes que namoram.
Aníbal Raposo
(foto de Enrico Pescantini)