segunda-feira, março 12, 2012



















(Pintura de Graziela Teixeira da Mota)


ELÉTRICO DO PORTO

Paravas-me mesmo à porta
Naqueles longos dias
Em que o tempo inclemente
De tão jovem que era
Tinha tanto tempo.

Por vezes sem fim
Despertei ao som familiar
E estridente dos teus freios.
Na hora e no lugar
De concretizar
Sonhos sonhados.

Nave amarela
Plena de almas quentes
Rasgando a bruma fria
E invernal da Invicta.
Largada em Matosinhos
Pr'a fundear à Batalha.

Nesses tempos de penúria
Dependurado em ti
Desafiei sorrindo
Em equilíbrio instável
As leis da gravidade
E dos trincas a raiva.

Na lembrança do ozono
Dos teus breves relâmpagos
Ainda hoje o odor da juventude.

Aníbal Raposo
Évora, 2012-03-12

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