terça-feira, julho 14, 2020

ABC DOS APELIDOS DA RELVA



Amo a Relva e a sua gente
Nela moro e fui nascido
Espero sinceramente
Que ninguém tenha esquecido
Morde a sardinha o anzol
E dizem que o morde bem
A seguir despejo o rol
Sem ofensas a ninguém:
Águas Mornas, Ariôs
Arrenca Junças, Avanças
Mais Badocos e Baeles
E os demais doutras danças
Bagaços e Barriganas
Belanchas e Batizados
Bexigas, Blicas de Prata
Todos aqui nomeados
Blicas Sardinhas, marotas
Mais Bonecos e Buzinhos
Cabeceiras e Caçoulas
E Cafés, bem tiradinhos
Cagas em Pé, Cagalhãs
Mais Canários e Canelas
Há Caracóis e Fajãs
Caranguejos, Carambelas
Carapantas e Charrinhos
Choronas, Coques, Cupidos
Há Faiais e Frangaletas
E Garotos atrevidos
Gerais, Giestas e Ginas
Grilos, Guerras e Impossíveis
Laparosos e Limpinhos
E Lisboas bem temíveis
Há Lourinhos e só Louros
Macarrões e mais Malãs
Malassadas e Malucos
Marianos e Vintans
Também Maricas, Marrecos
Maximinos e Mogangos
Merdas Azedas, Morinhos
E outras danças e tangos
Há Pazés, alguns Padeiros
Pá Fortes e Papaús
Pão Quentes e Perigosos
E que mais há, meu Jesus?
Pés de Chumbo, Picapaus
Há Pipis e mais Rancheiros
Mais bons Repeidas e Rolhas
Santas Marias, porreiros
Sacos de Peidos, Salgados
Salsas, Seguros, Salgueiros
Sacas Negras e Serôdios
Também alguns Sapateiros
Solturas Verdes, Supicas
Tremocinhos, Vegim Vegins
E mais Ventos Encanados
E outros ventos afins
Virilhas Secas, Vermelhos
E Vidas há, Vinte e Cincos
Corninos, muito Zangados
E os Yes! Tudo nos trincos
...
São noventa os apelidos
Que contei aqui num triz
Se recordas mais alguns
Não os guardes p'ra ti, diz.
...
Então p'ra acabar a lista
Com a ajuda de vocês
Noutros coloquei a vista
E contei mais cento e três.
No meu rol dos esquecidos
Que assumo, pecados meus,
Há Bichinhas e Gravatas
Frescuras e Benza Deus.
Piaçabas, Trinca Unhas
Lavaredos e Pingões
Há Chicas e Cachanetas
Castelos, também Paixões
Cagadiças e Molinhos
Lavadeiras e Manquins
Merdas de Cão e Ranhosos
E Cabeças bem ruins.
Há Galinhas e Badoucas
Caramelos e Ão Ão
Malhadas e Pernas Gordas
Raças e Merdas de Cão.
Cheira os Ombros e Pá Razos
Pataratas, Escanchados
Bufas, Coriscos, Romeiros
Mais Chaladas e Pelados.
Besugos, Bogas, Cabitas,
Danças Azuis e Cagarros
Há Dourados e Espertos
E Larós que são bizarros
Há Galochas e Reboques
Adoras e Pés Inchados
Também Bocas de Borracha
E Feliças asseados
Mais Levinhos e Manias
Merrinhos, Mija Vinagres
Milhos Novos e Palitos
Pelés e Rivas, milagres!
Perús, Pincéis e Pombinhas
Rabiças e Rabuçados
Mais Requetas e Sapucas
Tudo nomes bem prezados
Sinsenharas e Suspiros
Mais Tonecas e Vassouras
Papichas, Nabos e Esticas
Para as gerações vindouras
Caçopos, Cherês e Pinas
Maganos e Lagareiras,
Largados às suas sinas
E com alcunhas certeiras
Minhocas há e Feitores
Mais Gordinhos e os Da Alta
Cobradores e Revisores
E Da Branca, boa malta.
Da Burra, também Da Benta
Miúdos e Sacristãs
Caça Minas e Vavôs
Plamonas e Cidadãs
Os Cravos e os Da Fonte
Os Carecas e os Manecas
Chouriços e Da Rabeca
Das Patas e Patiecas,
Sem esquecer Ramalhetas
Salemas e, oh pachorra,
Campainhas e Gorjetas
Batatas, Xexés e um Zorra.
Ufff!!!
Aníbal Raposo
(Salgado)
2020-07-14
🙂

Sem comentários:

Enviar um comentário