quinta-feira, fevereiro 27, 2020


























Pátria

Vou te dizer, com todo o impudor,
Porque é que adoro cantar em português
Se nas palavras coloco o meu amor,
Gosto de tenham impacto no freguês.

De que me serve ter uma boa voz
Pisar o palco, voar mais além,
Para amargar no sentimento atroz
De que cantei mas não toquei ninguém?

Se é por receio da vulgaridade
Que em língua estranha se busca um outro aroma
Para entoar qualquer banalidade
Não vale a pena mudanças de idioma.

Gosto de ver uma lágrima a rolar,
Um riso aberto, uma chuva de emoções,
A cada verso que posso partilhar,
Olhos nos olhos, na língua de Camões.

Aníbal Raposo
Relva, 2020-02-27

quinta-feira, fevereiro 20, 2020



















ESTRADAS

Fico com a alma lavada
Quando termino o meu dia
Com uma boa caminhada
Nas estradas da melodia.

Aníbal Raposo
2020-02-20

Foto de Fiddle Oak

sábado, fevereiro 01, 2020


























A GESTAÇÃO DA MUDANÇA
A ideia prima
que lesta me surgiu
foi riscar bem fundo
num espelho de água
a palavra Verdade.
E assim criar um sismo,
pai dum maremoto,
capaz de submergir,
de forma permanente,
as margens da indiferença.

Relva, 2020-01-31
Aníbal Raposo
(imagem de Arno Rafael Minkkinen - Self-portrait, Foster's Pond, 2000)