quinta-feira, outubro 31, 2013



















DESPERTAR

Ao ver o astro-rei
Nascer no teu sorriso
Em cada madrugada

Sinto, como direi?
Que tenho o que preciso.
Já ganhei a jornada.

Relva, 2013-10-31
Aníbal Raposo

quarta-feira, outubro 30, 2013













CONTRASTES

Se em mim procuras calma
Eu sou desassossego
Se queres é companhia
Eu vendo solidão
Se tu pretendes alma
Eu cedo desapego
Se buscas alegria
Eu vivo em depressão

Se anseias por esperança
Eu sou um mar revolto
Se não te interessa o joio
Eu não sou trigo são
Se procuras bonança
Sou um cavalo solto
Se careces de apoio
Está fria a minha mão

Se a planura é teu sonho
Nasci desfiladeiro
Se estimas água mansa
Em mim tens golpe de asa
Se me aspiras risonho
Não tens um bom parceiro
Se queres é confiança
Eu sou um ferro em brasa

Pensas que tenho emenda
Eu não sei merecer-te
Tu foges de tormentos
Eu renego verdades
Procura quem te entenda
Que não sei perceber-te
Tu não semeias ventos
E eu colho tempestades

Relva, 2012-10-30
Aníbal Raposo

(Para o meu próximo CD)

terça-feira, outubro 29, 2013



















ANJOS E DEMÓNIOS

Feitiços e bruxarias
Caldeirões a bom ferver.
Eu quero aqui vos dizer
Que quase todos os dias
Tendo à frente um diabinho
Lanço meus sonhos ao ar.
Tenta todos rebentar
Mas eles fazem caminho.
Este capeta é um anjinho...

Relva, 2013-09-29
Aníbal Raposo

domingo, outubro 27, 2013













NEVOEIRO 

Perto do mar vejo o lenço
De nevoeiro a descer
Falésia abaixo, tão denso...
Há até vezes que penso
Que sou peixe sem saber

Rocha da Relva, 2013-10-27
Aníbal Raposo

















PÉ DE VENTO

Tu sabes que és, meu amor,
A minha estrela polar
A minha explosão de cor
Meu pé de vento solar


Relva, 2013-10-24
Aníbal Raposo

sexta-feira, outubro 25, 2013













CHUVA

Sinto a tristeza a crescer
Já não seguro a emoção
Chove chuva, a bom chover
Dentro do meu coração

Relva 2012-10-24
Aníbal Raposo


















 LONGE NA TARDE

Um banco de jardim ali plantado
Com fina precisão. Centro de nada.
Convite aberto à reflexão
Sobre o rasto dos meus passos
Nesta fugaz jornada.

Sentei-me.

Na tarde imensa,
Qual curva do tempo eterno,
Desassombrada,
Saboreei o mel e o fel
Da minha estrada.

No quente abrigo
Da concha segregada
Ri de alegrias
E de tristezas
Que vivi.

Caiu a noite.

Quando os candeeiros
Por fim se iluminaram
Andava eu longe...

Posso jurar
Por Deus
Que luz não vi.

Aníbal Raposo
Relva, 2013-10-25

(foto de Brandace Myers)

domingo, outubro 20, 2013













A MESA

Faço gestão, alguma engenharia
Faço o que posso e gosto, tem de ser...
Ganho o meu pão sonhando com o dia
Em que as palavras bastem p'ra comer

Aníbal Raposo
Relva, 2013-10-20

sábado, outubro 19, 2013














DESNORTE

Nós somos, tu e eu, dois sóis ardentes
De fogo iluminados, consumidos,
Em pelejas de amor ledas e quentes,
Explodindo na folia dos sentidos.

De tanto nos acharmos, tão perdidos
Em devaneios mil, beijos frementes,
Por entre gritos cavos e gemidos
Tocamos o universo dos dementes.

Por isso aqui declaro meu amor
Que gosto de te amar com tanto ardor
Como se fosse sempre a vez primeira.

Corações irmanados, ternos laços.
Que sorte não ter norte nos teus braços
Eternamente arder nesta fogueira.


Relva, 2013-10-19
Aníbal Raposo



segunda-feira, outubro 07, 2013

















LONDRES

Vou de abalada
Uma vez mais
Ave de cais
Mira cidades

Voo à procura
De me encontrar
No demandar
Diversidades

Depois regresso
Ao doce encanto
Do meu recanto
Funda raiz

Onde com Deus
Acho descanso
Sinto o mar manso
E sou feliz.


Relva, 2013-10-07
Aníbal Raposo