segunda-feira, outubro 22, 2012
















OS CARNEIRINHOS

Os carneirinhos tão engraçados
Vão  p'ró redil com mil cuidados.

Sempre em manada, que rica que é,
Não dizem nada, fazem mémé.

Todos os anos os carneirinhos
São tosquiados sempre mansinhos.

Distraidinhos, sem intenção,
Entram um dia num camião.

Seguem fofinhos, são um tesouro,
Alegrezinhos p'ró matadouro.

Quando, por fim, abrem os olhinhos
Já é tão tarde vão p'ra bifinhos.

Muito maltratam os probrezinhos
A linda graça dos carneirinhos.

E inda se lembram, sempre também,
Dos seus paizinhos, das mães que têm.

Aníbal Raposo
Ponta Delgada 2012-10-22

sexta-feira, outubro 19, 2012

















A MORTE DO POETA

Há quem se vá,
Serenamente,
Deixando atrás de si o rasto brilhante
Da teia dos versos que inventou.

As palavras ficam.
Não fazem lutos.

São melodias escritas
Nas pautas onde o poeta,
Esse irascível mas fogoso amante,
Esboçou os sonhos.

Aníbal Raposo
Ponta Delgada, 2012-10-19

domingo, outubro 14, 2012














CONSUMIÇÃO

Em contendas
De arrebatado amor
Perdemos a cabeça.

Ardemos os dois,
Em fogo alto.

Incendiamos
Corpo e alma
As árvores da vida
Que se erguem
Nos vales de seda
Dos nossos lençóis.

Aníbal Raposo
Ponta Delgada 2012-10-14

quarta-feira, outubro 10, 2012





















VIOLINO

Vibram cordas mágicas
Na pressão do arco
E os sons desaguam
Num mar de alvoroços

Esvoaçam pombas
À volta do músico
Absorvem felizes
A paz do momento

Conjunção
Perfeita

Poesia
Rara

Aníbal Raposo
2012-10-09

segunda-feira, outubro 01, 2012














DIFERENÇA

procura sempre
ser a pedra
insólita
que sobressai
na espuma dos dias
no imenso areal
das banalidades.

Aníbal Raposo
2012-10-01