sábado, dezembro 31, 2011



ANO NOVO

Mais uma vaga
À frente
Da proa
Do barco
Da vida

Será recordada
Pela mão ao leme
Fazendo
A diferença

Ou então será

Só mais uma vaga
Que a proa
Do barco
Da vida
Sulcou.

Ponta Delgada, 2011-12-31

sábado, dezembro 24, 2011




NATUM EST

Hoje vão nascer
Em todo o mundo
Milhares de meninos
Pobres, sem futuro.

Há muitos anos,
Em Belém, na Judeia,
Nasceu um menino
De igual condição.

Se seguíssemos
O que ele nos ensinou
Aqueles que hoje vão nascer
Teriam um outro amanhã.

Ponta Delgada, 2011-12-23

domingo, dezembro 18, 2011

RTP - TELEJORNAL - AÇORES

Se clicar no link acima pode ver, ao minuto 31 do vídeo, um apontamento da minha atuação com o Grupo Connection no programa televisivo Natal dos Hospitais, realizado no dia 15 de Dezembro nos Açores. O tema chama-se "Seres o meu amor" e tem letra minha e música minha e dos Connection.

sexta-feira, dezembro 16, 2011











PIROMANIA

Hoje percorremos a ilha
Acendendo sorrisos
Em rostos cinzentos, marginais.

É urgente atear fogos
Nas florestas da indiferença.

Ponta Delgada, 2011-12-16

segunda-feira, dezembro 12, 2011

ESPERA

O sol morreu...

Aguardo que o teu riso
Bata à nossa porta.

Quando chegares
Saciarei a sede da saudade
Bebendo sumo fresco
Da tua boca.

Ponta Delgada, 2011-12-12

sábado, dezembro 10, 2011
















MIL POEMAS

Conheço mil poemas
que falam de búzios
e dez mil poetas
que nunca os cativaram
ao sibilar dos ventos.
Conheço outros mil
que falam de pássaros.
e dez mil poetas
que jamais espreitaram
dois ovos num ninho.
Alguma vez tentaram imitar
os seus cantos pela alba
ou assobiar as sua árias de ocaso?
E sei também de mil poemas mais
que nos falam duma suposta vida
das pedras.
Mas quantos poetas
já adormeceram,
a recordar fantasmas,
com um riso aflorando
no canto dos lábios,
enquanto as pedras cantam,
de verdade?
Será que suspeitam
que as pedras redondas
são sempre as mais sábias?
E quanto aos mil sussuros,
tristes prisioneiros
de poemas-celas?
Falarão verdade
ou estão a fingir
dizendo que os ouvem?
Quantos poetas
já ousaram poluir
de silêncio a alma?


Ponta Delgada, 2011-12-10

segunda-feira, dezembro 05, 2011


















EM DIA DE ANIVERSÁRIO

Nesta corrida louca
Sinto uma brisa suave
Que me acaricia o rosto.
E alegro-me no vislumbrar da meta.

Estou de passagem...

Já me sinto a nascer de novo
Noutros lugares.

Morro de curiosidade
Sobre o meu próximo desafio.

Ponta Delgada, 2011-12-05

domingo, novembro 27, 2011


PERCO-ME EM TI

E houve barcos
A navegar
Pelo mar fora

Barcos sem rumo
Sem mãos no leme
Sem ter arrais

Sulcavam ondas
De salsa espuma
Não tinham hora

Foi navegar
Por navegar
Sem querer cais

Velas erguidas
Eretos panos
Cheios de vento

Parou o tempo
Nascem desmaios
E sons de mar

É sempre bom
Zarpar contigo
Meu doce alento

Sem faro à vista
Perco-me em ti
P'ra me encontrar

Ponta Delgada 2011-11-26

segunda-feira, outubro 31, 2011



DIA DE FINADOS

Foi só há dois anos.
Pensei que era a hora
E senti-os tão perto...

Tenho nos ouvidos
As suas vozes suaves
Quando eu caminhava
No túnel de luz.
A débil fronteira
Entre os nossos mundos...

Amanhã, mal o sol desponte
Vou levar-lhes flores.

É a minha forma
De brindar com eles
À morte do medo.

2011-10-31


(saco de Pão-por-Deus)

Trick-or-treat

Doce ou travessura!
Ele há quem os tome
Até na mesma altura.


Olhem irmãos meus:
Aos que têm fome
Dai-lhes pão, por Deus.

2011-10-31

terça-feira, setembro 06, 2011



VOLTANDO

Eu estou de volta,  porque aqui é meu lugar
Espaço-utopia onde dá gosto versejar
Onde há poetas a postar e eu posto.

Simples terreiro onde me exponho, nu, sem truque.
Vou deixar só e à sua sorte o facebook
Do dito redutor: gosto, não gosto.

Ponta Delgada, 2011-09-06


AS PALAVRAS ESTÃO A MONTE

Às vezes as estrelas são tão poucas...
Não ocupam o espaço que há no céu
De alegria que é o nosso amor.

Às vezes os navios são escassos
Para navegarem em todas as rotas
Do mar oceano das nossas emoções.

Às vezes os arados são tão parcos
Que não abrem os sulcos necessários
Na terra virgem do nosso encantamento.

Às vezes não se encontram as sementes
P'ra semearmos em húmus criador
A esperança do futuro que sonhámos.

Às vezes procuramos palavras fugidias.
Andam a monte por amor à liberdade.
Não cedem à prisão que é o poema.

Ponta Delgada, 2011-09-06

segunda-feira, setembro 05, 2011


AO DEITAR

Bebo os teus receios e medos
Como se fossem meus.

Sinto as tuas mãos procurando o meu corpo
Como uma âncora de esperança
A que te agarras.

Enquanto te afagar os cabelos
Para afastar os sonhos maus
E me colar a ti para te acalmar as angústias
Saberei que te amo.

Ponta Delgada, 2011-09-05

domingo, setembro 04, 2011



FIM DE SEMANA NA CIDADE

Tenho mar em frente
Mas este não é o meu mar...

E tenho conhecidos por perto
A quem aceno com urbanidade.
Eu sou um tipo educado.

Porém os meus sonhos estão longe...
Pairam em voos tranquilos
Como asas de milhafres
Na falésia da fajã.

No fim de semana,
Mesmo que esteja por cá,
Nunca me encontro na cidade.

Ponta Delgada, 2011-09-04

quinta-feira, agosto 25, 2011



DESINSPIRADO

Que a palavra rasgue os céus
e me fulmine
como um raio!

Ao menos
aconteça!

Ponta Delgada, 2011-08-25

sexta-feira, julho 29, 2011



TENHO PRESSA

É final de sexta-feira.
Hora de escapar ao mundo
Fugir à boca da fera.

Tenho pressa, muita pressa,
P'ra onde vou a correr
Voam milhafres e pombos
E há garajaus à espera.

Quanto mais eu envelheço
Mais com eles me pareço...

Ponta Delgada 2011-07-29

segunda-feira, julho 04, 2011



PRAIA GRANDE

Como é bom dar férias ao nosso cansaço
Estender a alma ao sol depois de a lavar
Uma suave brisa, um beijo e um abraço
Gozando uma sombra e o azul do mar

Ao longe um veleiro abre todo o pano
Lembrando que há tanto para navegar
Logremos o tempo que ao longo do ano
O tempo não temos p'ra nos encontrar

Praia grande, ilha de S. Miguel
2011-07-04

sábado, maio 07, 2011


MINHA METADE

Single para abrir o apetite para o novo CD que vou editar em 2011.



Meu lindo bem-querer
Rosa do meu jardim
Não canso de dizer
O que és p'ra mim:

Minha mulher
Singelo encanto
Minha alma-irmã
És meu farol
Raio de sol
Luz da manhã

Minha empatia
Sabedoria
Sem ter idade
Minha poesia
Minha alegria
Minha metade

Minha água clara
Pedra tão rara
Meu talismã
Rima e compasso
Meu terno amasso
Minha maçã

Minha pepita
Coisa bonita
Cheirosa flor
Minha certeza
Minha riqueza
Meu doce amor

Aníbal Raposo
Ponta Delgada, 2011-01-31


Ponta Delgada, 2011-05-07

segunda-feira, março 28, 2011



AUTO-RETRATO
Tenho alma de marinheiro
Navego o mar da poesia
E para ser verdadeiro
Não sei se aporto algum dia

Sonho tanto, tanto, tanto
Que às vezes mesmo acordado
Eu sonho um sonho de espanto
Que não dá p'ra ser contado

A minha rima-veleiro
Mareio nas tempestades
Dos sonhos do mundo inteiro,
Dos montes, vales, cidades.

Olham e veem aprumo
Mas não estou cá de verdade
Navego em sonhos sem rumo
Oceanos de liberdade

Ponta Delgada, 2011-03-29

domingo, março 20, 2011



SOBRE A NUDEZ

Tu
E as minhas convicções.

Adoro mirar-vos de viés.
Jovens, remoçadas,
Admiravelmente
Nuas.

Lisboa, 2011-03-20

quinta-feira, março 03, 2011


"NO MAR" EM ÁFRICA

Quando menos esperamos a música que fazemos chega mais longe.

O tema "No Mar" chegou a Ceuta através do Grupo Coral de Torremolinos, de Espanha.

Agradeço a preferência.

Ponta Delgada, 2011-03-03

sexta-feira, fevereiro 25, 2011



FIM DE SEMANA

Foi-se a sexta!

Desembesta!
Abre a fresta!
Vive a festa!

Pouco resta,
Volta a gesta...


Ponta Delgada
2011-02-25

terça-feira, fevereiro 22, 2011



FILHAS

Carne da minha carne
Risos do meu riso
Sangue do meu sangue
Como de vós preciso...

Estar convosco é celebrar a arte feliz do reencontro
Ganhar de novo o norte nos mares perigosos
Desta vida turbulenta onde navego.

Atentar nos vossos rostos, nos traços e gestos comuns
Que Deus e alguns genes milagrosos esculpiram,
É festejar a alegria de reconhecer em vós o melhor de mim
Refletido em clemente e misericordioso espelho.


Lisboa, 2011-02-22

sábado, fevereiro 19, 2011




BALADA DE OUTONO

Poema ao vento
Com as crinas delirantes!
Outono lento
Com os sonhos bem distantes!
Meu sol sangrando em agonia
Meu corpo amando
Um farrapo de poesia.

Folhas de outubro
Sobre setembro:
- Mãos que descubro
Sem saber do que me lembro...
Meu barco atado
Ao cais da vida;
Lenço bordado
Que aceno em despedida

Tudo sereno
Neste mar em maresia
Um cheiro a feno
Vai na onda da poesia
Nas mãos da tarde
- Em concha pura
Um corpo arde
De espanto e de ternura

Eis o outono
Correndo à chuva!
Com ar de sono
E seu pranto de viúva...
Tudo cinzento.
Mágoa levada
No movimento
Desta garça abandonada

Longo tormento
Que novembro acarreta:
Poema dentro
Da barriga do poeta.
Minha placenta,
Sem ter idade,
Que não rebenta
Este grito de saudade.

Que parto ameno
De mim deriva?
- Meu filho pleno
Meu amor em carne viva;
Meu sangue e carne,
Criado e dono;
Folha da tarde
Que caiu no meu outono

Álamo de Oliveira

domingo, fevereiro 13, 2011



CHAMEI-TE LINDA, ENGRAÇADA

Chamei-te linda, engraçada
Da graça que Deus te deu
E tu deste uma risada
Quem a não tinha era eu

Que mais eu posso fazer
Posso eu fazer, ai de mim
P'ra um dia te ouvir dizer
Ouvir-te dizer que sim.

Deixa-me ao menos a espr'ança
A derradeira a morrer
Quem espera sempre alcança
Foi sempre o que ouvi dizer

És a flor que mais desejo
Das flores do meu roseiral
Quando, rosa, te não vejo
A vida corre-me mal

Sei que tu és o meu par
Sei que nasceste p'ra mim
Nunca se deve afastar
Flores do mesmo jardim

Rosa branca, tua cor,
No dia em que me quiseres
Farei de ti meu amor
A mais feliz das mulheres

Aníbal Raposo
Ponta Delgada, 2011-02-13
(Para a minha mulher nas vésperas de mais um dia de amor)

segunda-feira, janeiro 31, 2011



MINHA METADE

Meu lindo bem-querer
Rosa do meu jardim
Não canso de dizer
O que és p'ra mim:

Minha mulher
Singelo encanto
Minha alma-irmã
És meu farol
Raio de sol
Luz da manhã

Minha empatia
Sabedoria
Sem ter idade
Minha poesia
Minha alegria
Minha metade

Minha água clara
Pedra tão rara
Meu talismã
Rima e compasso
Meu terno amasso
Minha maçã

Minha pepita
Coisa bonita
Cheirosa flor
Minha certeza
Minha riqueza
Meu doce amor

Aníbal Raposo
Ponta Delgada, 2011-01-31

sábado, janeiro 29, 2011


JÁ DEI A VOLTA AO MEDO

Já dei a volta ao mundo
Já dei a volta ao medo
E p’ra dar esta volta
Só conheço um segredo:
Como se hoje fosse
O dia derradeiro
Juntar no mesmo abraço
O mundo inteiro

Eu sei que tu estás bem
Como eu bem também estou
A paixão pela vida
Foi o que nos juntou
Plantamos a semente
Que nos leva a sonhar
Gostamos desta terra
E deste mar


Bem sei que a vida é curta
Já estive p’ra partir
Por isso eu te aprecio
Porque me fazes rir
Em cada abraço teu
Há um mundo de emoção
Que me faz derreter
O coração

Assim, eu abro os braços
Perante o astro-rei
Pensando nos amigos
No que já partilhei
E agradeço a Deus,
Estar vivo, agora, aqui
Aquilo que já fui
O que vivi.

Aníbal Raposo
2011-01-29