MIL POEMAS
Conheço mil poemas
que falam de búzios
e dez mil poetas
que nunca os cativaram
ao sibilar dos ventos.
que falam de búzios
e dez mil poetas
que nunca os cativaram
ao sibilar dos ventos.
Conheço outros mil
que falam de pássaros.
e dez mil poetas
que jamais espreitaram
dois ovos num ninho.
que falam de pássaros.
e dez mil poetas
que jamais espreitaram
dois ovos num ninho.
Alguma vez tentaram imitar
os seus cantos pela alba
ou assobiar as sua árias de ocaso?
os seus cantos pela alba
ou assobiar as sua árias de ocaso?
E sei também de mil poemas mais
que nos falam duma suposta vida
das pedras.
que nos falam duma suposta vida
das pedras.
Mas quantos poetas
já adormeceram,
a recordar fantasmas,
com um riso aflorando
no canto dos lábios,
enquanto as pedras cantam,
de verdade?
já adormeceram,
a recordar fantasmas,
com um riso aflorando
no canto dos lábios,
enquanto as pedras cantam,
de verdade?
Será que suspeitam
que as pedras redondas
são sempre as mais sábias?
que as pedras redondas
são sempre as mais sábias?
E quanto aos mil sussuros,
tristes prisioneiros
de poemas-celas?
tristes prisioneiros
de poemas-celas?
Falarão verdade
ou estão a fingir
dizendo que os ouvem?
ou estão a fingir
dizendo que os ouvem?
Quantos poetas
já ousaram poluir
de silêncio a alma?
já ousaram poluir
de silêncio a alma?
Ponta Delgada, 2011-12-10
Do desacerto entre o sentir e o dizer sobra a metáfora a encetar voos a pique na geometria do poema.
ResponderEliminarMuito belo
Lídia
Onde estava escondido Aníbal, que não o conhecia?...
ResponderEliminarVim cá parar, por consequência do comentário que deixou nos meus bastidores.Gostei muito!!!!!!!!!!!!
Vou me fazer já de seguida, sua seguidora!
Parece-me que ganhei mais um recanto lindo para poder voar...
Fique bem!
Pouco sei da natureza das pedras e do 'sibilar dos ventos', mas de silêncios etendo bem, porque ele é meu fiel companheiro quando não posso gritar o que me invade a alma, diante de (en)cantares, como esse que acabei de sentir aqui!
ResponderEliminar"Mil poemas" não, mas milhões de poemas explodem na sua majestosa poética que nos toca tão profundamente!
Obrigada pela ida ao 'nem tudo é deserto', volte sempre que desejares, será um prazer recebê-lo.
Abraço!
;)
Em tempo: eu também sou uma amante da arte popular!
ResponderEliminar;)
Vim agradecer sua visita, obrigado, chegando aqui tive a oportunidade de conhecer seu espaço, perfeito, gostei.
ResponderEliminarBom domingo Aníbal.
beijooo.
espe teu poema me encantou. Os sentires de que falas,a harmonia...expªs de vida que tenho e guardo e anseio renovar.
ResponderEliminarBom domingo
este e não "espe"! Sorry
ResponderEliminarUm poema muito bonito, Aníbal.
ResponderEliminarAté mais.
e que dizer dos poemas-celas?
ResponderEliminarapenas que gostei deste poema.
um beij
Primeiro é preciso ver a poesia da vida.
ResponderEliminarbjs
ADOREI!
ResponderEliminarCoisas de poetas...que ouvem "o vento que passa", mas o vento é só o vento"...e passou a há-de passar...mas será sempre o vento...SERÁ?
- Que te diz o vento que passa"?....
Gostei demais! Espero voltar!