BALADA DE OUTONO
Com as crinas delirantes!
Outono lento
Com os sonhos bem distantes!
Meu sol sangrando em agonia
Meu corpo amando
Um farrapo de poesia.
Folhas de outubro
Sobre setembro:
- Mãos que descubro
Sem saber do que me lembro...
Meu barco atado
Ao cais da vida;
Lenço bordado
Que aceno em despedida
Tudo sereno
Neste mar em maresia
Um cheiro a feno
Vai na onda da poesia
Nas mãos da tarde
- Em concha pura
Um corpo arde
De espanto e de ternura
Eis o outono
Correndo à chuva!
Com ar de sono
E seu pranto de viúva...
Tudo cinzento.
Mágoa levada
No movimento
Desta garça abandonada
Longo tormento
Que novembro acarreta:
Poema dentro
Da barriga do poeta.
Minha placenta,
Sem ter idade,
Que não rebenta
Este grito de saudade.
Que parto ameno
De mim deriva?
- Meu filho pleno
Meu amor em carne viva;
Meu sangue e carne,
Criado e dono;
Folha da tarde
Que caiu no meu outono
Álamo de Oliveira
Poema do escritor açoriano Álamo de Oliveira que musiquei e que consta do meu CD "A palavra e o canto".
ResponderEliminarPoema balada cheia de melancolia, de feno e de maresia.
ResponderEliminarMuito belo e suave como as cores do outono.
Gostei.
Magnifico casamento entre a voz melodiosa e a letra da canção!
ResponderEliminarMeus parabéns!
Maria
Dá gosto ouvir. Um som excelente. Uma voz muito bonita. Um poema que nos transporta para o outono. Gostei mesmo. Parabéns.
ResponderEliminarUm beijo.
Magnífica balada.
ResponderEliminarTudo muito bem feito: a letra, a música, o arranjo e a interpretação. Não percebo por que não passa na rádio com frequência. A pouca música portuguesa que se ouve é quase sempre a mesma e, alguma dela, de qualidade duvidosa...
Parabéns, caro amigo.
Abraço.