terça-feira, agosto 10, 2021


 










FELICIDADE

O fito é ser feliz
Sítio? Qualquer...
E Deus querendo
Que seja à beira mar.

Hoje, eu nada fiz.
Minha mulher,
De tal sabendo,
Fartou-se de ajudar.

😘

quarta-feira, junho 23, 2021


 













JOÃO

Um foi a voz quando o Caminho teve início
O outro arauto da palavra do Senhor
Os dois celebro na mundança do solstício
A luz que guia a humanidade é o amor.
Desenho de Guercino (Barbieri, Giovanni Francesco)










MEDOS DA CRÍTICA

Só se conhece uma forma de evitar
A crítica, por vezes desbragada,
Primeiro, não fazer, nada criar,
Depois, nada dizer e não ser nada.
Aníbal Raposo
(Baseado num pensamento de Aristóteles)

















Tenho p'ra mim e julgo ser verdade,

Cheguei há muito a essa conclusão,

Que metade da vida é realidade

Magia a outra, sonho e ilusão.


Aníbal Raposo

quinta-feira, maio 20, 2021

 LENDA DAS SETE CIDADES


Na Atlântida perdida

Que pl’o mar foi engolida

Em grandes calamidades

Conta a lenda que existiu

Um reino que se extinguiu

Chamado Sete Cidades.


Tinha o rei, a senhoria,

Deste reino, que regia,

Uma filha muito amada

(O tesouro da família)

Dava pl’o nome de Antília

Linda como a madrugada.


Era a filha o seu desvelo

Porém sair do castelo

O rei não lhe permitia.

Mas ela não acatava

As ordens e se esgueirava

Quando ele a sesta dormia.


Ia a bela princesinha

Ao início da tardinha

Para os campos passear

Quando um dia caminhava

Ouviu uma flauta. Tocava

Melodias de encantar.


Quem estava a flautear

Melodias de pasmar,

Era um bonito pastor,

Que por fim a descobriu

E entre os dois logo floriu

Um grande e profundo amor.


Lá vai o pastor formoso

Pedir ao rei poderoso

P’ra princesa desposar

El-rei, esse, não gostou

E ali mesmo jurou

Que o mandaria matar.


Vendo a princesa a maldade,

Que seu pai, sem piedade,

Proibia seu grande amor

Com as esperanças perdidas

Foi um dia às escondidas

Procurar o seu pastor.


Quando sozinhos se acharam

Os dois muito prantearam

Não paravam de chorar.

Grande lamento era o seu

Ele de olhos cor do céu

Ela, verdes de encantar.


E entre escarpas formosas

Suas lágrimas copiosas

Duas lagoas formaram.

Uma do céu tomou cor

Outra verde e por amor

P’ra sempre unidas ficaram.


Se às cumeeiras passares

E os lagos não avistares

Só vires brumas que choram.

São cortinas. Na verdade,

Servem p’ra pôr à vontade

Dois amantes que namoram.


Aníbal Raposo


(foto de Enrico Pescantini)

quinta-feira, janeiro 21, 2021


 














A ARTE DE CAVALGAR TODA A COELHA

As saudades que eu já tinha
De montar a coelhinha
Tão fofinha quanto eu.
A voar com os de bem,
Que os outros não são ninguém,
Estou pertinho do céu.

Aníbal Raposo (foto de Gary Dorsay)

quarta-feira, janeiro 20, 2021


 










ATRAÇÃO

Montei uma máquina
p'ra reinventar
a forma precisa
de medir as forças
que atraem os corpos.

No ruir da tarde,
com uma luz fogosa
a rasgar negrumes,
dum céu pudoroso,

sonhei dois, talhados
a um teste ensaio:
- o teu e o meu.

Aníbal Raposo


 



CAL E ENGANOS 

Há porventura
Alguma criatura
Que em siso pleno
Queira o veneno
De nova ditadura?

Quem a sofreu
Jamais esqueceu
Tal amargura.
A noite escura
Em que viveu.

Falsa brancura,
De cal, em fétida sepultura. 

            Aníbal Raposo


segunda-feira, janeiro 18, 2021


 











FÁBULA DOS CAMELOS SORTIDOS
Há camelos muito espertos,
Mesmo fora dos desertos,
Grandes, contudo velados
A olhares pouco educados.
Que lançam pontes suspensas,
Feitas de ideias e crenças,
Por onde seguem, sem norte,
Camelos de menor porte.
À frente e em cima dos cujos
Vão ovelhas e sabujos.
Caminham, com ar propício,
Alegres p'ro precipício.

Aníbal Raposo


segunda-feira, janeiro 11, 2021

 














Haicai

Nas voltas da vida
Só há beleza singela
No fio de prumo.
Aníbal Raposo
(Fotografia artística de Studio Ana D'Apuzzo)