quinta-feira, maio 20, 2021

 LENDA DAS SETE CIDADES


Na Atlântida perdida

Que pl’o mar foi engolida

Em grandes calamidades

Conta a lenda que existiu

Um reino que se extinguiu

Chamado Sete Cidades.


Tinha o rei, a senhoria,

Deste reino, que regia,

Uma filha muito amada

(O tesouro da família)

Dava pl’o nome de Antília

Linda como a madrugada.


Era a filha o seu desvelo

Porém sair do castelo

O rei não lhe permitia.

Mas ela não acatava

As ordens e se esgueirava

Quando ele a sesta dormia.


Ia a bela princesinha

Ao início da tardinha

Para os campos passear

Quando um dia caminhava

Ouviu uma flauta. Tocava

Melodias de encantar.


Quem estava a flautear

Melodias de pasmar,

Era um bonito pastor,

Que por fim a descobriu

E entre os dois logo floriu

Um grande e profundo amor.


Lá vai o pastor formoso

Pedir ao rei poderoso

P’ra princesa desposar

El-rei, esse, não gostou

E ali mesmo jurou

Que o mandaria matar.


Vendo a princesa a maldade,

Que seu pai, sem piedade,

Proibia seu grande amor

Com as esperanças perdidas

Foi um dia às escondidas

Procurar o seu pastor.


Quando sozinhos se acharam

Os dois muito prantearam

Não paravam de chorar.

Grande lamento era o seu

Ele de olhos cor do céu

Ela, verdes de encantar.


E entre escarpas formosas

Suas lágrimas copiosas

Duas lagoas formaram.

Uma do céu tomou cor

Outra verde e por amor

P’ra sempre unidas ficaram.


Se às cumeeiras passares

E os lagos não avistares

Só vires brumas que choram.

São cortinas. Na verdade,

Servem p’ra pôr à vontade

Dois amantes que namoram.


Aníbal Raposo


(foto de Enrico Pescantini)