Uma folha de papel
da cor da luz. Um ermo.
Um mar oceano que aguarda caravelas.
Um campo de ervas secas,
que se põe a adivinhar
uma mão próxima que lhe ateará lume.
Uma noite em claro. Sem lua cheia,
mas com os alinhavos das palavras
que a música há de vestir.
Esta é a minha festa branca.
Em boa verdade,
convivemos, diariamente,
com alforrecas enforcadas
por cima das nossas cabeças
e com baleias, a nadar em seco,
pagando promessas no adro da matriz.
Não vou na corrente dos risos de calendário.
Prefiro calcorrear as veredas do imprevisível.
Aníbal Raposo
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