sexta-feira, agosto 02, 2024

A FESTA BRANCA

 

Uma folha de papel 

da cor da luz. Um ermo.

Um mar oceano que aguarda caravelas.


Um campo de ervas secas,

que se põe a adivinhar

uma mão próxima que lhe ateará lume.


Uma noite em claro. Sem lua cheia, 

mas com os alinhavos das palavras 

que a música há de vestir.


Esta é a minha festa branca.


Em boa verdade,

convivemos, diariamente,

com alforrecas enforcadas

por cima das nossas cabeças

e com baleias, a nadar em seco,

pagando promessas no adro da matriz.


Não vou na corrente dos risos de calendário.

Prefiro calcorrear as veredas do imprevisível.


Aníbal Raposo



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