ALAMBIQUE
Despeja-se no pote alado
e de redonda forma,
trinta litros de emoções diversas.
Aquece-se o dito volume líquido
em lume brando.
(Um pôr-do-sol visível
através da janela da sala
do destilador aprendiz, pode ajudar...)
Algum tempo depois,
quando a lembrança daquelas emoções
atinge a temperatura indicada,
começam a soltar-se algumas lágrimas
e, pela pela cabeça de turco,
palavras etéreas, sem muito nexo,
bastas vezes misturadas com raros vapores etílicos.
Tais palavras,
arrefecidas pela água fria da razão,
que deve fluir de forma continuada
para o interior do vaso cilíndrico,
acabam por condensar-se
na serpentina.
Escorre, então,
pelo fino bocal do citado vaso,
um aromático destilado.
Deve pensar, seriamente, se quer aproveitar
os primeiros dez por cento do líquido.
O resto poderá ser poesia.
Não será capaz, no entanto,
de controlar a essência alambicada
com um pesa-afectos,
pois que de tal instrumento,
ainda que por muitos desejado,
não consta a existência.
O resultado, depende apenas de duas coisas:
- da arte de operar o alambique;
- da qualidade das emoções vividas.
Ponta Delgada e Lisboa, 15 de Março de 2009
Fantástica analogia Aníbal. Adorei, parabéns.
ResponderEliminarGrande abraço
Há tempos que não vinha aqui. Gosto de te ler.
ResponderEliminarBeijos.
Querido amigo,
ResponderEliminardestilámos memórias e futuros, e a serpentina mais uma vez nos envolveu no seu doce vapor.
Anibal,
ResponderEliminarGrato pela sua presença e pela bondade das suas palavras.
Um abraço!
AL
"O resto poderá ser poesia." De facto...
ResponderEliminarBeijos.
gostei do poema.
ResponderEliminare o resto pode ser poesia.
bem escrito!
beij
Aníbal
ResponderEliminarLindo Alambique...
Adorei a poesia e vou voltar temos muita poesiapara partilhar.
Meu amigo
Nete correr de tempo o tempo de te mandar um beijinho.
Beijos
a exalação
ResponderEliminare
a exaltação
[do perfume
dos afectos]
*abraço*
*grato pela
visita*
Isso é muito profundo e para se pensar mais. Você sabe e é poeta dos bons. Abraço
ResponderEliminarfermentar
ResponderEliminardesmesurada
mente
os sentidos
o que escorre
é seiva!
_____
um abraço
Encantada com este poema "cientifico e químico". Que gosto lê-lo e que imaginação!
ResponderEliminarBeijo
Uma sublimação da poesia... esplendido!!!!
ResponderEliminarBeijinhos,
Ana Martins
oiii!
ResponderEliminarcomo vc está??
eh bom passar por aqui neah
:)
disposição pra escrita!
muito bem^^
beijoss
Amigo: gostei de te ler.
ResponderEliminarOlha: vai ao meu blog, que tenho lá um presente para ti. Bom fim de semana
Olá!! Seu blog é dez. Continue escrevendo belamente.
ResponderEliminarBjs
Anibal,
ResponderEliminarBom momento este em que te li.
Foi um prazer reler-te ao destilar aqui as minhas memórias.
BOA PÁSCOA.
Beijos.
Destilador de metáforas! De um lado poesia de outro as emoções...
ResponderEliminarUm prazer, esta leitura.
Bem vindo Aníbal!
ResponderEliminarTens andado um pouco arredado destas bandas e isso afasta-nos. Sem dar-mos conta começamos a navegar outras águas ...
Deixemos então escorrer as emoções e os afectos rumo à poesia.
Beijos
Alcina