quarta-feira, julho 25, 2012










LEVEI TRÊS SECOS DE MIM

Hoje fui com a minha amada
Ao estádio em excursão
Ver em disputa animada
Dois clubes do coração

Já levo o cachecol vermelho
Azul o que ela trazia
Éramos assim um espelho
Duma sã democracia

Sendo eu p'lo Santa Clara
E também Portista, no fim
A derrota não foi cara:
Levei três secos de mim.


Aníbal Raposo
Estádio de S. Miguel, 2012-07-25
Troféu Pauleta

terça-feira, julho 24, 2012


















INSTABILIDADE

Por vezes, me quedo
a pensar, também:


a Terra balança
nesta negra dança
de festança e medo.


Apenas um dedo
mago de criança
ainda a sustém.

Aníbal Raposo
Ponta Delgada 2012-07-24


(foto de Miguel Bidarra)

segunda-feira, julho 23, 2012





GRITOS

Às vezes
Dou-me a beber
O amargo fel
Das palavras cruéis
Que são dias escritos.

Masoquista, eu?
Sabe-me bem...

Faz-me lembrar
E não perder de vista
Que esta vida
Não contém
Só alegrias,
Suaves melodias.

Contém
Também,
Profundos,
Rotundos,
Telúricos,
Impúdicos,
Roucos,
E loucos


Gritos!!!


Aníbal Raposo
Ponta Delgada, 2012-07-23

quarta-feira, julho 11, 2012
















SOBREVIVENTES

Por isso existimos
E resistimos.

Apesar do medo,
Não obstante a dor,


Brilha um sol ledo
De amor.

Aníbal Raposo
Ponta Delgada, 2012-07-11

terça-feira, julho 10, 2012





















A SORTE ESTÁ LANÇADA

Atirados ao ar estão três dados
Levitam soltos sobre a mão estendida
E em caindo os três ficarão traçados
As sortes e os destinos que há na vida.

Já se a fortuna se te oferecer                                    
Agarra-a bem pois é teu dever  
Calhando teres sorte o saberes retê-la.  
Tem em atenção que ouviste dizer:
A sorte não se atira p'la janela.


E não se pode à fama cantar odes 
Saberás ao fim duns anos que bem podes
Ter sorte uma vez, não abusar dela.


Aníbal Raposo
Ponta Delgada, 2012-07-10

segunda-feira, julho 09, 2012



















O CAMINHAR DOS NÚMEROS

Assim nos querem.

Esculturas perfeitas
Pintadas a cinza
Marchando alinhadas,
E à mão de semear.

Seres sem horizontes,
Privados da música,
Do sal das palavras.

Sem nome
E sem asas.


Pior!
Sem vontade
De voar.

Aníbal Raposo
Ponta Delgada, 2012-07-09

quinta-feira, julho 05, 2012














O PLANO INCLINADO

Olhei
E de repente
Ruiu a gravidade
Da minha inquietação.

O seio da montanha?

Vi Galileu entre os sábios
Sorridente.

Fazia rolar uma enorme lua cheia
Pelo plano inclinado do vulcão adormecido.

Aníbal Raposo
Ponta Delgada, 2012-07-05 


















BREVE LEITURA

não é preciso cismar
basta ser gente, vivalma:
uma madeixa, um olhar
chegam para te ler a alma

Aníbal Raposo 
2012-07-05