sábado, novembro 20, 2004
AIGUILLE DU MIDI
Eis-me no tecto da Europa, tão perto do céu,
A olhar o Monte Branco em todo o seu esplendor.
No pequeno terraço,
Que o progresso transformou noutra Torre de Babel,
Só tenho ouvidos para a tua voz, ainda sonolenta,
E para o canto dos pássaros negros que me sobrevoam.
Depois, na descida, já a meio da montanha,
Sento-me por uma hora, sobre um enorme bloco de granito
Polido pela erosão de degelos seculares.
Olho de novo a montanha majestática,
Meto as mãos na neve,
Lambo uma lágrima furtiva,
Encho os pulmões de ar puro,
E preparo-me para uma nova caminhada,
Desta vez às profundezas do meu pequeno inferno.
Sinto que voltarei, um dia, meu amor,
Nem que seja em sonhos,
Para apreciar contigo
A beleza deste Monte Branco
E altivez desta Agulha do Sul.
Aníbal Raposo
2003-06-08
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