domingo, novembro 21, 2004




ÀS VEZES

Às vezes são palavras ao acaso e sem sentido
Que ferem como facas, como a ponta de um punhal
Às vezes solto a fera, vem à tona o animal
Que de tão feito à jaula já se esqueceu do rugido

Às vezes penso em ti e cai orvalho nos meus olhos
É quando a lua cheia deixa prata sobre o mar
Aí surge o poema, dá-me ganas de cantar
Mas cedo o meu navio fica preso nos escolhos

Às vezes dou por mim a gerir o dia-a-dia
Quando o cavalo louco quer voar campos afora
Às vezes, num repente, penso que é chegada a hora
Mas tal como nasceu morre o sonho em agonia...


Aníbal Raposo
1995

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