domingo, novembro 30, 2014
sábado, novembro 29, 2014
quarta-feira, novembro 26, 2014
sexta-feira, novembro 21, 2014
FRAGILIDADES
Frágil é o riso que desponta
Frágil a palavra no poema
Frágil a vaidade sempre tonta
Frágil a arrogância que dá pena
Frágil é o rebento da cana
Frágil a flor do maracujá
Frágil uma ideia em mente insana
Frágil quem amores exaltará
Frágil quem não sabe onde dormir
Frágil o fio que tece a aranha
Frágil quem se fica no carpir
Frágil todo aquele que se amanha
Frágil é a vida a cada hora
Frágil porque certa é mesmo a morte
Frágil o quem tem sorte caipora
Frágil quem se tem por muito forte
Frágil é um rio impetuoso
Frágil porque se humilha no mar
Frágil todo o ser que é venenoso
Frágil que a peçonha o vai matar
Frágil é a onda quando quebra
Frágil no baixio a rebentar
Frágil é aquele que celebra
Frágil porque um dia vai chorar
Frágil quem não tem rumo nem norte
Frágil é aquele que se ufana
Frágil o fraco que se acha forte
Frágil é a natureza humana
Relva, 2014-11-21
Aníbal Raposo
quinta-feira, novembro 20, 2014
DA DÚVIDA
Existe um velho ditado que encerra
uma verdade que de tão evidente,
que é, ninguém a contesta nem desmente:
o que nada faz, esse nunca erra.
Cabe ao homem bater-se nesta guerra
das coisas bem fazer, é bom que tente.
E contudo é errando aqui na terra
que se aprende e se dá o salto em frente.
Bem conhecemos muito convencido
que é dono da verdade, anda iludido,
não duvida, nem se pode enganar.
P'ra mim este é assunto resolvido.
Posso dizer-vos: muito mais duvido
do que se gaba de não duvidar.
Relva, 2014-11-20
Aníbal Raposo
sábado, novembro 15, 2014
CASA
Sonhei,
ao pormenor,
a tua génese.
Povoaram-te risos,
versos de amor
e flores de esperança.
Vi-te a escoar
no vazar da maré,
quando o escuro da noite
pintava o fundo da minha alma.
Mas veio o sol de novo
e inundou-te as salas, de música,
de gargalhadas límpidas,
delicadezas de orquídeas
e cheiro a tangerinas.
De quando em vez
oiço o som das asas
dos pássaros fiéis que, no regresso,
esvoaçam felizes no teu ventre.
Testemunha muda
do tempo.
Palco iluminado
onde, a cada dia, vai à cena
a peça das nossas vidas.
Relva, 2014-11-15
Aníbal Raposo
PhotoAllegory of Sarolta Bán
sexta-feira, novembro 14, 2014
sábado, novembro 08, 2014
O SÍTIO ONDE ME ENCONTRO E SEI DE MIM
Por verdade ser, quero declarar
Que num mundo atulhado de vaidade
Resta um lugar bendito junto ao mar
Onde se partilha pão e amizade.
Um sítio, de homens livres no voar,
Onde tu és tu mesmo de verdade,
Não tens de te vender ou mascarar,
Não conta a condição nem conta a idade.
Ali me escondo eu sem ser cobarde
Dizendo muitas vezes sem alarde
Que bom meu Deus viver dias assim.
Sempre que o sol se acende ao fim da tarde
O coração no peito também arde.
É na fajã que me encontro e sei de mim.
Relva, 2014-11-08
Aníbal Raposo
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