segunda-feira, dezembro 01, 2008



DA VAIDADE HUMANA
(VANITAS VANITATUM, ET OMNIA VANITAS)

É sempre junto ao mar,
perto da sua bela e incomensurável superfície azul,
que o meu turbulento espírito encontra a paz.

Só de o olhar descanso,
assim, como se entrasse de repente,
num reconfortante e sedativo sono.
Retempero-me logo do violento esforço que despendo
para resistir à sucção voraz do cavado vórtice
da vivência frenética, estúpida, sem sentido,
para onde a turba me impele, dia-a-dia.
 
É, também, no escuro da noite,
na pacatez do terraço da minha casa da fajã,
que mantenho o saudável hábito de sonhar acordado.

Às vezes, 
reclinado na minha cadeira de repouso, 
imagino que piloto a terra-nave,
e a levo a sondar cada luzeiro
que habita a imensidão dum céu de Agosto. 

Nessa minha viagem faz-de-conta,
perdido, algures, nos confins do universo, 
consigo ponderar, com fina exactidão, 
a minúscula, a ridícula pequenez
da futilidade humana. 

Ponta Delgada, 1 de Dezembro de 2008
Aníbal Raposo

5 comentários:

  1. Sem dúvida!! Um poema forte e muito belo. Beijos.

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  2. Escrito com o sentir do coração.
    Adorei o seu mar!

    beijo

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  3. Eu já colaborei em vários livros colectivos e este é o meu 2º de poesia. Acho muito bem. Isto resposta ao teu comentário e como não sei o teu email, fica aqui. Peço desculpa. Beijos.

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  4. O mar sempre será inspiração, porque diante dele somos grãos, e não há furia ou desencanto, que diante dele não se dilua em gotas, trazendo serenidade ao espírito inquieto de um poeta.
    Boa semana, um abraço

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  5. Que encanto de poema!

    Também eu adoro o mar. Confesso que me deixo embalar pelas suas melodias e mergulhar nas águas do sonho.
    É bom sonhar acordada e transportar esses sonhos numa onda de papel.

    Um abraço de mar*

    Fanny

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