segunda-feira, dezembro 31, 2012
domingo, dezembro 09, 2012
domingo, dezembro 02, 2012
CANTO DE AMOR E DE RAIVA
Muito padece de amor aquele que ama
A manhã dos olhos teus atiça a chama
Não me vou se Deus quiser
Sem a alegria de ver
Um enorme sol a arder
Na nossa cama
Em cada gesto teu há claridade
Em cada sorriso alvo uma saudade
Neste fogo abrasador
Sei-te bem, sei-te de cor
Voemos pois meu amor
Em liberdade
Pela barca portuguesa o povo teme
Nesse mar que se agiganta o casco geme
Não temos porto de abrigo
Ver um rumo não consigo
Ver um rumo não consigo
Nesta nau em desabrigo
Não há leme
Muito mal vai um país que os filhos drena
Brota de novo feroz a vil gangrena
Não posso, não me demovo,
Há que fazer que de novo
Volte a ser o nosso povo
Quem ordena
Aníbal Raposo
Ponta Delgada, 2012-12-01
sexta-feira, novembro 23, 2012
SEI DUM POEMA
Eu sei dum poema louco
Nascido dum grito rouco,
Que por pouco
Não calou.
Também dum poema pomba,
Alva, branca. De mim zomba.
Sonho-bomba
Que estourou.
Sei do poema indigente,
Tingido de inteligente.
Do demente
Que alucina.
Do poema que não diz,
De feiticeiro aprendiz,
Meretriz,
E concubina
Sei do poema matreiro,
Velado, mas verdadeiro,
Sorrateiro,
Que desperta.
Amo o poema, que arrasa
Vento, fúria que extravasa,
Golpe de asa,
Que liberta!
Aníbal Raposo
Relva, 2012-11-23
quarta-feira, novembro 14, 2012
QUANDO O TEU OLHAR
Quando o teu olhar
Dirigido a mim
Disser: Sim !
Vou fugir depressa
Para que esqueça logo
Os sonhos que me vão pela cabeça
Porque eu não posso dar ao meu peito
Nem a chance de te amar
Mas se o teu olhar
Por qualquer razão
Disser: Não !
Vou ter pesadelos
Arrepelar cabelos
Porque belos foram
Sonhos e desvelos
Porque os castelos no ar que erigi
Vão ruir com o teu olhar
Aníbal Raposo
1989
Os sonhos que me vão pela cabeça
Porque eu não posso dar ao meu peito
Nem a chance de te amar
Mas se o teu olhar
Por qualquer razão
Disser: Não !
Vou ter pesadelos
Arrepelar cabelos
Porque belos foram
Sonhos e desvelos
Porque os castelos no ar que erigi
Vão ruir com o teu olhar
Aníbal Raposo
1989
domingo, novembro 11, 2012
QUADRAS NO DIA DE S. MARTINHO
Trabalhei desde manhã
No dia de S. Martinho
Nem sequer fui à fajã
Provar o meu rico vinho
Pareço um tipo de antanho
(Oh palerma não descansas?)
Trabalho tanto e o que ganho
Vou entregar às Finanças.
É trabalhar, trabalhar
Sem ter do corpinho dó
Para depois sustentar
Muito burro a pão de ló
Aníbal Raposo
Relva, 2012-11-11
quinta-feira, novembro 01, 2012
AOS PRESENTES
Partiram?
Quem partiu?
Os que largaram amarras
São os que continuam firmes
Para nosso alento
Bem aqui ao lado.
Partiram o quê...
Na verdade
Só se parte
Quando se entra,
De forma perene,
No soturno vale
Do esquecimento.
Partiram?
Para onde?
Não me basta cerrar
Os olhos por breves segundos
Para os rever tão vivos
Mesmo à minha frente?
Partiram?
Porquê?
Quiseram libertar espaço
À formosa árvore
Da aprendizagem
Para estender os ramos?
Partiram?
Como?
Se com eles continuo
A partilhar diariamente
Cada singela dúvida
Da minha existência.
Aníbal Raposo
Relva, 2012-11-01
(em véspera de Finados)
segunda-feira, outubro 22, 2012
OS CARNEIRINHOS
Os carneirinhos tão engraçados
Vão p'ró redil com mil cuidados.
Sempre em manada, que rica que é,
Não dizem nada, fazem mémé.
Todos os anos os carneirinhos
São tosquiados sempre mansinhos.
Distraidinhos, sem intenção,
Entram um dia num camião.
Seguem fofinhos, são um tesouro,
Alegrezinhos p'ró matadouro.
Quando, por fim, abrem os olhinhos
Já é tão tarde vão p'ra bifinhos.
Muito maltratam os probrezinhos
A linda graça dos carneirinhos.
E inda se lembram, sempre também,
Dos seus paizinhos, das mães que têm.
Aníbal
Raposo
Ponta
Delgada 2012-10-22
sexta-feira, outubro 19, 2012
domingo, outubro 14, 2012
quarta-feira, outubro 10, 2012
segunda-feira, outubro 01, 2012
domingo, setembro 23, 2012
sexta-feira, setembro 07, 2012
DISCURSO DIRETO
Quando na TV te vi
Oh minha rica frieira
Senti só de olhar pr'a ti
Muito mais leve a carteira
És um grande patriota
E tens uma missão heróica
De joelhos, meu janota,
Lamber as botas à troika
Já não tens nenhuma graça
Já com rimas te fuzilo
Tu não vais morrer na caça
Vais ter é sorte de grilo
A gente já não te atura
Baza depressa, fedelho
Que ninguém enxerga lura
De onde saia coelho
Oh Passos, esses teus passos
São afananços, paspalho
Colecionas fracassos
Tu, vai gamar p'ró Gabão
Aníbal Raposo
2012-09-07
quinta-feira, setembro 06, 2012
LIBERDADE
a casa
a vida
o som
e o verbo
estupida-
mente
simples
porque
os sonhei assim
e assim os quero
república livre
dos homens
de voo fácil
concha fraterna
da perene claridade
respiradouro
de ar imaculado
por debaixo da bruma
pátria
da utopia
e da quimera
território amado
deslumbramento de olhos
na imensidão das águas
e dos céus estrelados
Aníbal Raposo
Relva, 2012-09-06
mente
simples
porque
os sonhei assim
e assim os quero
república livre
dos homens
de voo fácil
concha fraterna
da perene claridade
respiradouro
de ar imaculado
por debaixo da bruma
pátria
da utopia
e da quimera
território amado
deslumbramento de olhos
na imensidão das águas
e dos céus estrelados
Aníbal Raposo
Relva, 2012-09-06
sexta-feira, agosto 31, 2012
quinta-feira, agosto 23, 2012
quarta-feira, agosto 08, 2012
terça-feira, agosto 07, 2012
sexta-feira, agosto 03, 2012
quinta-feira, agosto 02, 2012
DESCENDO AO FUNDO DE MIM
É no meio do jardim
E do abismo que contém
Que vou ao fundo de mim
Ao ventre da terra mãe
No meio da noite escura
Só confio no meu guia
Ando da luz à procura
Da virtude e da harmonia
Desço nove patamares
Segundo a verve de Dante
Piso a estrela de oito pontas
A cruz do templo a levante
A liturgia em crescendo
O sagrado a acontecer
Ao fundo de mim descendo
Morro já p'ra renascer
Aníbal Raposo
junho de 2012
quarta-feira, agosto 01, 2012
quarta-feira, julho 25, 2012
LEVEI TRÊS SECOS DE MIM
Hoje fui com a minha amada
Ao estádio em excursão
Ver em disputa animada
Dois clubes do coração
Já levo o cachecol vermelho
Azul o que ela trazia
Éramos assim um espelho
Duma sã democracia
Sendo eu p'lo Santa Clara
E também Portista, no fim
A derrota não foi cara:
Levei três secos de mim.
Aníbal Raposo
Estádio de S. Miguel, 2012-07-25
Troféu Pauleta
terça-feira, julho 24, 2012
segunda-feira, julho 23, 2012
GRITOS
Às vezes
Dou-me a beber
O amargo fel
Das palavras cruéis
Que são dias escritos.
Masoquista, eu?
Sabe-me bem...
Faz-me lembrar
E não perder de vista
Que esta vida
Não contém
Só alegrias,
Suaves melodias.
Contém
Também,
Profundos,
Rotundos,
Telúricos,
Impúdicos,
Roucos,
E loucos
Gritos!!!
Aníbal Raposo
Ponta Delgada, 2012-07-23
quarta-feira, julho 11, 2012
terça-feira, julho 10, 2012
A SORTE ESTÁ LANÇADA
Atirados ao ar estão três dados
Levitam soltos sobre a mão estendida
E em caindo os três ficarão traçados
As sortes e os destinos que há na vida.
Já se a fortuna se te oferecer
Agarra-a bem pois é teu dever
Calhando teres sorte o saberes retê-la.
Tem em atenção que ouviste dizer:
A sorte não se atira p'la janela.
E não se pode à fama cantar odes
Saberás ao fim duns anos que bem podes
Ter sorte uma vez, não abusar dela.
Aníbal Raposo
Ponta Delgada, 2012-07-10
segunda-feira, julho 09, 2012
quinta-feira, julho 05, 2012
terça-feira, junho 26, 2012
domingo, junho 24, 2012
sábado, junho 23, 2012
domingo, junho 10, 2012
quinta-feira, junho 07, 2012
A DAR NOTÍCIAS DE MIM
mendigo à vida
a indulgência
de me deixar comunicar,
por mais uns tempos,
na clara linguagem
dos búzios.
a sua música,
ao ecoar na imponente arriba,
espalha notícias de mim
a cada uma
das outras aves
residentes
na fajã.
os búzios soam
e soltam a magia
das frequências cristalinas,
dificilmente audíveis
em dissonâncias
urbanas.
nos ares
lavados da Rocha,
eu toco os búzios
ao fazê-lo
saúdo as coisas modestas
com os olhos plenos
das infinitas
quimeras
de azul.
Aníbal Raposo
Relva, 2012-06-07
quinta-feira, maio 31, 2012
sexta-feira, maio 25, 2012
segunda-feira, maio 21, 2012
quarta-feira, maio 02, 2012
DE QUEM SOU
Sou rapaz e sou poeta
Escrevo como a sonhar
Ando às vezes na sarjeta
Outras no céu a voar.
Aos versos todo me dou
Sem saber o que me impele
Mas gosto de ser quem sou
Visto bem a minha pele.
Aníbal Raposo
Ponta Delgada, 2012-05-02
terça-feira, abril 24, 2012
domingo, abril 22, 2012
TERRA
Em ti semeio, a cada estação,
os meus desejos, na esperança
de ser correspondido.
Na maior parte das vezes,
insistes em surpreender-me
e fazes-me gozar o espanto
duma nova e ardente relação.
É gentil da tua parte, porque ambos
a sabemos bem madura.
Gosto de pôr as mãos em ti
e de te afagar o corpo todo
porque sempre sou correspondido.
Basta-me fechar os olhos e consigo
adivinhar o teu perfume intenso
quando o céu se rasga
em cada chuvada de agosto.
Um dia destes, sempre enamorado,
deitar-me-ei a sós contigo.
Daremos um forte abraço
e fundir-nos-emos os dois
até ao final dos séculos.
Aníbal Raposo
Ponta Delgada, 2012-04-22
(dia da terra)
domingo, abril 08, 2012
domingo, abril 01, 2012
quarta-feira, março 21, 2012
Por vezes vêm assim,
desgovernadas.
Caem às catadupas
e com o estrondo
de derrocadas sísmicas.
Trazem dentro de si
a fúria das cheias que saltam
dos leitos das nossas convenções
e riem-se, como loucas,
da sua indigente polidez.
São ventos ciclónicos,
erupções vulcânicas,
ondas alterosas.
Porém, doutras,
são doces e meigas.
Surgem de mansinho
belas, sedutoras
mulheres de vermelho.
Conquistam-nos a alma
e tomam-nos o corpo.
Afagam-nos as vaidades
como se acariciassem
tapetes de musgo verde
por entre criptomérias.
São imprevisíveis
as palavras...
E por assim o serem,
deverá o poeta
manter-se vigilante
para as receber a qualquer hora.
Abri-lhes-á as portas
Da enorme sala das emoções.
Inventará depois a melodia
e em compasso ternário
dançará com elas, enamorado,
a etérea valsa da poesia.
Aníbal Raposo
Ponta Delgada, 2012-03-21
segunda-feira, março 19, 2012
DIA DO PAI
Também vos fiz,
Com muito amor,
Feliz, em fogo ardente.
Vi-vos medrar
E amei-vos sempre.
Bem sei que às vezes
Distanciado,
Mas não consciente.
Depois cresceram...
E tal como acontece
Na natureza
A cada passarinho,
Tiveram de voar,
Buscando
Outros lugares
E horizontes,
Sair do ninho.
E ao partirem
Soltou-se um vento
Inesperado
Vindo do norte.
E foi tão forte
Que o nosso barco
Quase adornou
No mar revolto.
A vida é assim...
Às vezes, filhas,
Só conhecendo
O inesperado sabor
De cada lágrima
Nos encontramos,
Achamos porto.
Hoje tranquilo
Numa das pontas
Deste triângulo
Do mar oceano:
Bissau, Lisboa, Açores.
Estando mais longe,
Quase vos toco
E vos abraço
Meus dois amores.
Aníbal Raposo
Ponta Delgada, 2012-03-19
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